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quarta-feira, 7 de julho de 2010

A moderna cirurgia abdominal, como foi esta evolução?

Em 1989 eu fui a um congresso internacional e assisti a uma aula de um famoso ginecologista, Dr Zem que era ginecologista e realizou a primeira cirurgia videolaparoscopica digestiva, Eu achei um absurdo o cirurgião operar por aqueles pequenos orifícios porque achava que se ocorresse uma complicação, como um sangramento, não daria tempo de resolve-lo. Apesar da discordância eu comprei o equipamento do referido medico realizei um curso e dois meses depois eu estava fazendo a primeira retirada da vesícula por cálculos. Essa cirurgia demorou aproximadamente três horas, hoje eu faço a mesma cirurgia em trinta a quarenta e cinco minutos. Antes da era da cirurgia por video os cirurgiões realizavam grandes incisões que evoluíram para medias e depois para microincisões. No inicio nós realizávamos a laparoscopia diagnostica e era um sufoco. O ar injetado no interior da cavidade abdominal era feito manualmente através de grandes pêras e para conseguir o volume ideal tínhamos que alternar. Não realizávamos nenhuma cirurgia e no máximo fazíamos uma biópsia. O desenvolvimento das videocameras transportou a imagem dos órgãos abdominais, diga-se de passagem vinte vezes aumentada para monitores de alta resolução, tornando no momento esta técnica como padrão ouro no tratamento da hérnia do esôfago, cálculos da vesícula biliar, cistos de ovário e endometriose. O fator que permitiu esta evolução foi a tecnologia aplicada a medicina, porem nunca cometa o erro de colocar a tecnologia na frente do medico, procure um medico competente que saiba realizar as técnicas cirúrgicas que são clássicas por video porque se em mãos não habilitadas essa técnica poderá causar complicações gravíssimas e até fatais. Uma informação importante que deverá ser dada pelo seu medico é a taxa de conversão desta técnica em tradicional, isto é o cirurgião começará por videolaparoscopia, mas por algum achado ou complicação local precisa realizar a cirurgia ( abertura) tradicional. A conversão geralmente tem uma relação direta com a experiência do cirurgião. Na cirurgia tradicional com incisões maiores o pós-operatório era mais prolongado, o paciente ficava com sonda na bexiga e estômago, jejum e soro, acalme-se porque isto era na cirurgia com cortes maiores o que é totalmente diferente na cirurgia por video e nos microcortes que não precisará deste monte de sondas e o paciente retorna a alimentação precoce e alta no dia seguinte, fora a vantagem estética que é realmente indiscutível.
Comentário sobre as indicações da Videolaparoscopia: Dr. Paulo Branco.
1- Hernias da Virilha:
Nas hérnias da virilha eu prefiro a cirurgia tradicional que poderá ser feita sob anestesia local, com uma pequena incisão transversa e sobre os pelos púbicos com excelente resultado estético.
Na minha experiência fazer por videolaparoscopica será transformar uma técnica cirúrgica fácil em difícil. A moderna cirurgia da hérnia inguinal ( virilha) requer que o cirurgião coloque uma tela sobre o orifício que forma esta hérnia. A colocação da tela tem baixo índice de recidiva ou retorno da hérnia. Nos estudos que compararam os pacientes operados de hérnia com tela a recidiva foi de 1% e os sem tela 10 a 20%.
2- Câncer:
A videolaparoscopica não tem um papel bem definido no câncer e agora começam surgir trabalhos comparando a mesma com a técnica tradicional.
3- Ginecológicas: Cistos de ovário, aderência e endometriose.
A videolaparoscop é a cirurgia de escolha. Tenho realizado principalmente para o tratamento de cistos de ovario.
4- Cálculos da vesícula:
Tenho obtido os mesmos resultados estéticos e funcionais com a vídeo e a microincisão.

5- Hernia de Hiato:
É o padrão ouro de escolha e os resultados, se bem indicada, são excelentes.
6- Rins:
Para casos bem selecionados de tumores bem localizados e pequenos, a videolaparoscopia têm sido realizada, principalmente em meios universitários.
7- Baço:
A retirada do baço ja é uma técnica videolalaroscopica padronizada e com bons resultados. Entenda que o baço destroi as celulas sanguineas mais velhas, porém esta função poderá ocorrer de forma exagerada ( hiperesplenismo) comprometendo a saúde dos pacientes e deverá ser retirado.

8- Fígado:
A principal indicação é a biópsia do fígado para confirmação diagnostica de doenças crônicas como: Hepatite Crônica, tumores primários ou metastáticos e cirrose alcoolica.
9- Apendicite Aguda:
As apendicites em fase inicial, chamada edematosa, poderá ser feita pela videolaparoscopia, já as formas mais complicadas, perfuradas com formação de extenso abscesso local que destorce muito a anatomia é melhor a técnica convencional. A experiência do cirurgião conta muito.
10- Aderências:
Aderências são pontes de tecido que resultam na maioria das vezes de cirurgias anteriores. O diagnostico muitas é dificíl, os exames como a Ultrassonografia, Tomografia são normais. A laparoscopia poderá detectar estas aderências e tratalas através da secção das mesmas.
11- Câncer do Intestino Grosso:
A dúvida era se o principio oncológico da cirurgia tradicional poderia ser alcançado pela videolaparoscopia, a resposta é sim. Alguns grupos no momento estão comparando os resultados indicadores de sobrevida dos pacientes submetidos as duas técnicas.
12- Câncer de Prostata:
Os resultados estão sendo comparados entre as duas técnicas.
13- Incontinência Urinária por queda de bexiga:
A cirurgia tradicional é facil de ser realizada e os resultados são muito bons. A cirurgia laparoscopica surge como uma segunda opção na minha opinião.
14- Cirurgia Bariatrica:
No inicio da cirurgia laparoscopica a obesidade era uma contra-indicação, porém as coisas mudaram radicalmente e passou a ser a principal indicação. Nestes pacientes o cirurgião realizava grandes incisões para ter um acesso ideal. A Videolaparoscopia é relizada através de punções o que gera menos dor, infecçaõ e uma cicatrização mais precoce. Com a evolução dos aparelhosdos equipamentos de sutura e grampeadores usados para as ressecções e anastomoses, como a cirurgia de Capela, a videolaparoscopia representa o padrão ouro na cirurgia bariatrica.

Dr. Paulo Branco
www.medicinaintegrada.med.br



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