Seja bem vindo ao Blog da Saúde LGBT

Neste espaço o Dr. Paulo Branco ira continuamente publicar matérias além de responder duvidas
relacionadas a Medicina e Qualidade de Vida voltadas a população LGBT. Este espaço no entanto,
não substitui a consulta médica, que deverá ser feita pelo médico, no consultório, de corpo presente.





Alguns amigos e pacientes do Dr. Paulo Branco que inspiraram ele a fazer esse Blog.

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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Fissura anal: Atualização no tratamento, ilustrado e com apresentação de caso clinico GLBT.



Tratamento da fissura anal descrito no artigo do Colégio Americano de Cirurgiões, com ilustração e casos clinicos enviados pelo publico GLBT. 


Mensagem: Faça como este homem, assuma a sua sexualidade e se quizer ir mais longe, construa uma família.
Sou fã deste homem.





















Ta na dúvida, nos envie abaixo:




Dúvidas:
whatsApp. 995204135

Casos clínicos:
Enviado via whasApp, em 14/7/2014 as 11:45:
1- Dr. Paulo, bom dia. Sou o RP. Passei em consulta contigo em março para avaliacao a respeito da cirurgia de hemorroida e fissura anal que realizei com uma medica no ano passado. Das hemorroidas estou curado, mas da fissura não, devido a pressão aumentada que a médica falou que não tratou e que o senhor disse ser imprecindivel para a cura total. 
Eu teria ferias agora em agosto, mas foi adiada. Gostaria de agendar a cirurgia para agosto. No momento tenho dores para evacuar e não consigo ter uma vida sexual normal com o meu parceiro. Tentei, mas impossível. Aguardo seu retorno. 
Dúvida enviada pelo IPad. 

Resposta: Fica tranquilo, lembro do seu caso. A sua fissura é de tratamento cirúrgico, porque reduzindo a pressão do músculo esfíncter interno do ânus, o sangue chegará trazendo oxigenio e nutrientes para a cicatrização da fissura. O sexo passivo se torna impossível pela dor e risco aumentado de contrair uma DST transmitida por contato com o sangue, como a hepatite e AIDS. A cirurgia determinará a cicatrizacao da fissura anal e você poderá retomar a sua vida sexual. Para a vida sexual você deverá seguir as orientações básicas, como uma boa lubrificação e relaxamento adequado, para que a situação nao retorne. Na minha experiência no tratamento de casos como o seu, o casal tem de está bem orientado, principalmente o ativo que fora de controle poderá determinar uma nova fissura, pois lembre que o seu ânus jamais será páreo para um ativo desgovernado.




2- Tenho fissura anal aguda, e estou tratando com pomada de manipulação, na  alimentação como bastante fibras, porem após a relação passiva tenho sangramento e dor, uma ardência  que demora muito a passar, o que faço doutor?
Pergunta enviada por e-mail.
Resposta: Muitos pacientes se adaptam, ao perceberem que comendo muitas fibras, as fezes ficam mais macias gerando menos dor e sangramento. É verdade, principalmente se associada a pomadas de manipulacao que contem substancias que diminuem a pressão do esfinter  anal. Como eu trabalho e atendo bastante o publico GLBT, procuro ser bem claro no sentido de que entendamos que temos dois objetivos no tratamento com o publico.
1- Evacuar sem dor. 
2- Ter uma vida sexual sadia:
- Sem dor e sangramento ao evacuar e na relação.
- Sem os riscos de contrair uma DST 

Conclusão: Se esses objetivos forem alcançados com as pomadas de manipulação associadas a dieta com fibras e mudanças de comportamento no dia a dia, mantenho por 6 semanas, porem se não houver cicatrização, eu procuro entender e ter um dialogo, muitas vezes com o casal, no sentido de procurarmos outras alternativas de tratamento.



Clinicas:
Lapa:
celular / viber: 11-986663281

Mônica



























Vila Nova Conceição:
Fones
Fixo: 11-3846-7973
Móvel: 99112-2513

Fatima







Centro: Praça da Republica
Fones:
Fixo: 11- 3331-7016
Móvel: 11-98415-2089


Renata




















Epidemiologia:
- A fissura anal, é uma fenda longitudinal oval semelhante a uma úlcera localizada no canal anal, distal à linha pectínea.


Fissura Anal






- As fissuras podem ocorrer em qualquer idade, mas em geral são observadas em adultos jovens e de meia-idade.
- Em quase 90% dos casos, as fístulas são encontradas na linha média posterior, mas podem ser vistas na linha média anterior em até 25%  das mulheres e 8% dos homens acometidos.










- As fissuras que ocorrem nas posições laterais devem levantar suspeitas de outras doenças, como o Crohn, tuberculose, sífilis, vírus da imunodeficiência humana ( HIV) / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ( AIDS) carcinoma anal.



















- As fissuras precoces ou agudas têm a aparência de uma simples rachadura do anoderma (pele), enquanto as fissuras crônicas, definidas por sintomas que duram mais de 8-12 semanas, caracterizam-se por edema e fibrose.
- As manifestações inflamatórias típicas das fissuras crônicas incluem:
Plicoma sentinela: Uma pele na margem distal da feridinha;


Pele ou Plicoma:





Papila hipertrófica: Uma pequena bolinha na parte interna ou superior da pequena ferida. 



Papila Hipertrofica:






Etiologia ou causa:
- Acredita-se que o trauma do canal anal secundário à passagem de fezes endurecidas seja um fator iniciante comum. Contudo, a história de constipação não ocorre em todos os casos, e alguns pacientes relatam episódios de diarreia antes do início dos sintomas.

Rx: Fezes endurecidas




















Força para evacuar:














- Estudos fisiológicos utilizando manometria anal confirmaram a presença de hipertonia ou aumento de pressão permanente de repouso em pacientes com fissura.



músculo Hipertonico:






- Ultra-sonografia com Doppler:
Schouten usando fluxometria a laser com Doppler, mediram o fluxo sanguíneo no anoderma de indivíduos saudáveis e descobriram que na linha média posterior teve a menor perfusão, quando comparada com os outros 3 quadrantes. Os portadores de fissura apresentam pressão anal de repouso mais alta e menor fluxo de sangue posterior do que qualquer grupo.

Comentário: Dr. Paulo Branco
Em alguns pacientes que eu realizei a cirurgia de esfincterotomia aberta com o laser, solicitei a manometria apos a cirurgia e comprovei a diminuição da pressão de repouso do canal anal, com cicatrização definitiva da fissura anal crônica.

Sintomas:
- O sintoma principal da fissura anal é a dor durante e principalmente após a defecação, geralmente acompanhada pela perda de sangue vermelho vivo.








- Nas fissuras anais agudas, a dor pode ser de curta duração ou durar várias horas ou mesmo dias na presença de uma fissura anal crônica.
- A dor é frequentemente descrita como a passagem de lâminas de barbear ou cacos de vidro. Compreensivelmente, os pacientes com fissuras anais podem, muitas vezes, ter medo de evacuar.
- O sangramento retal, embora não seja incomum, é geralmente limitado a mínima quantidade de sangue vermelho-rutilante vista no papel higiênico.



Dor e sangramento:






Comentário: Dr. Paulo Branco
Uma vez um paciente me ligou no celular, e falou: Dr. desculpa eu está te ligando as 2hs da manhã, mas parece que eu estou evacuando um gato de unha grande, uma dor insuportável e sangramento. Operei com o laser esse paciente no dia seguinte de fissura anal crônica.

Diagnóstico:
- O diagnóstico é sugerido pela história do paciente e confirmado pelo exame físico. A maioria das fissuras é facilmente visível pelo simples afastamento das nádegas com os polegares.

Comentário: Dr. Paulo Branco
Na minha clínica na quase totalidade dos meus pacientes, que eu suspeito ser uma fissura anal, só pela inspeção ( olhando )eu faço o diagnostico e atualmente, tenho usado, com a permissão da paciente, a visualização da fissura anal no monitor através de uma câmera digital. Sendo uma região de difícil visualização, os pacientes ficam satisfeitos na compreensão do diagnostico da fissura anal.    

- Uma vez que a fissura é encontrada, a tentativa de examinar o canal anal por exame digital ou com instrumentação endoscópica, como a anuscopia não é adequada, pela dor que pode gerar. A maioria dos pacientes está muito sensível para justificar tais exames invasivos, que deverão ser retardados ou adiados até que os sintomas tenham desaparecido.





























- O diagnostico diferencial inclui o abscesso perianal, fístula anal, doenças inflamatórias intestinais, doenças sexualmente transmissíveis, tuberculose, leucemia e câncer anal.

-     As  fissuras atípicas, como aquelas que ocorrem fora da linha média, múltiplas, indolores e as fissuras que não cicatrizam requerem avaliação complementar por exame sob anestesia com provável biópsia e culturas.

Tratamento:
 Clinico ou Conservador:
- A preocupação com as complicações a longo prazo associadas ao tratamento cirúrgico da fissura anal levou ao desenvolvimento da esfincterotomia química destinada a reduzir a média das pressões anais máximas de repouso sem lesão permanente do músculo esfíncter anal.

- Em quase metade dos pacientes com diagnostico de fissura anal aguda, a mesma poderá ser curada com medidas conservadoras,  ou seja, banhos de assento com agua morna, suplementação com fibras de psyllium e pomadas que tenham substancias que atuem liberando um neurotransmissor, chamado de
Óxido nítrico, que diminui a pressão do músculo esfíncter interno, responsável pelo aparecimento da fissura anal.



Nova Piramedi Alimentar: Fibras na base.
























Comentário: Dr. Paulo Branco
O tratamento clinico com pomadas de manipulação que contenham substancias que relaxem o musculo esfíncter interno do ânus, isto é baixam a pressão o suficiente para a cicatrização das fissuras anais.
O músculo esfíncter interno impede do sangue chegar até o leito da fissura, se diminuirmos a sua pressão o sangue chegará o que representa nutrientes e oxigênio para a sua cicatrização.









Apostila: Dr. Paulo Branco.
Os meus pacientes recebem uma apostila com orientações alimentares favoráveis a cicatrização da fissura anal.

Dica: Procure ingerir nas refeições 30% de fibras diariamente, que é a quantidade sugerida pela Organização Mundial da Saúde.   


Fibras: 30% / dia.





















Aconselhável: Dr. Paulo Branco
Banana prata, aveia, farelo de trigo, arroz integral, verduras e legumes associado a 2 a 3l de líquidos por dia. Essa água hidrata o bolo fecal, que ficará macio e machucará.



















Toxina Botulínica:
- A toxina botulínica é uma exotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Quando injetada localmente causa uma paralisia temporária do músculo esfíncter interno do ânus, causador da fissura anal.
- Pode ser injetada facilmente, em regime ambulatorial, sendo bem tolerada.
- Parece haver uma relação direta entre a dose da toxina injetada e a cicatrização das fissuras anais.
- Lindsey et al. Concluíram que a Toxina deve ser considerada como medicamento de segunda linha, e talvez de primeira linha, no tratamento das fissuras anais crônicas antes de buscar por opções cirúrgicas.
- As taxas de recidiva tardia, 42 meses após tratamento da fissura anal crônica com a toxina, com reaplicação a cada 6 meses foi de 41,5% dos pacientes.



Cirúrgico:  
- Os procedimentos cirúrgicos, como dilatação anal manual ou esfincterotomia interna, têm sido defendidos como formas de tratamento inicial, porque eles produzem reduções permanentes das pressões anais máximas de repouso. 


Dilatação anal:
- As inconsistências no que diz respeito à técnica, especificamente a extensão e a duração do alongamento ou distensão do musculo formador do esfíncter anal, lançaram algumas dúvidas sobre as taxas de sucesso verdadeiro deste procedimento.


Comentário: Dr. Paulo Branco
O grande problema da dilatação é não se mensura o quanto esgarça as fibras do músculo esfíncter anal, o que determinou diferentes graus de incontinência anal em pacientes que realizaram a dilatação. Eu abandonei totalmente essa forma de tratamento.

Esfincterotomia Lateral Interna:
- Cicatrização excepcional e baixas taxas de reincidência têm sido invariavelmente relatadas, tornando esse procedimento cirúrgico, o padrão inicial para o tratamento da fissura anal.
- Incontinência anal:  A incontinência persistente para gases e fezes surgiu como uma das principais preocupações após a esfincterotomia Interna.
-     No que diz respeito a esfincterotomia aberta ou fechada, vários estudos retrospectivos e pelo menos um estudo randomizado mostrou taxas semelhantes de cicatrização inicial e recidiva da fissura.

-Resultado: Littlejohn e Newstead fizeram uma revisão retrospectiva de 287 pacientes submetidos à esfincterotomia modificada, ou seja, secção do músculo de acordo com o comprimento da fissura, em vez de estendê-la até a linha pectínea. Não houve relatos de incontinência para fezes líquidas e sólidas. A incontinência de urgência foi de 0,7%, incontinência para gases de 1,4% e menor incidência de mancha por fezes, 35%.

Satisfação dos pacientes:
Em um estudo randomizado, a satisfação dos pacientes com fissura anal tratados com a esfincterotomia lateral, foi avaliada como excelente ou boa  por 84% desses pacientes.

Comentário: Dr. Paulo Branco
Eu realizo a esfincterotomia aberta, sob anestesia local e gosto de isolar bem o músculo esfíncter interno e baixar a sua pressão, fazendo a miotomia com o laser.
Não tive pacientes com incontinência.










Retalhos de avanço:
-     Até o presente, foi realizado um estudo prospectivo sobre o uso de retalhos de avanço na fissura anal crônica. Quando os pacientes foram randomizados para a Esfincterotomia Lateral Interna ou retalhos de avanço, não houve diferença significativa entre as taxas de cicatrização, que foi de 100% no grupo da Esfincterotomia contra 85% no grupo de retalho.
P = 0,12.

Situações especiais:

- Fissura x HIV:
A distinção entre as fissuras e úlceras associadas ao HIV é necessária para a otimização do tratamento da fissura nessas populações de pacientes. As fissuras em pacientes HIV-positivo possuem aparência típica, enquanto as úlceras HIV são profundas e de base larga e podem ocorrer em qualquer lugar dentro do canal anal. Existe uma escassez de informações atualizadas sobre as fissuras associadas ao HIV, e não há dados disponíveis sobre o risco de incontinência urinária pós-operatória ou uso de relaxantes tópicos do esfíncter ou Toxina botulínica como opção de tratamento.

Fissura x Doença de Crohn:
- Tradicionalmente, a cirurgia anorretal em pacientes com doença de Crohn tem sido vista com cautela. As complicações resultantes da proctectomia e os temores causados pela incontinência pós-operatório têm impedido as operações perineais nesses pacientes ( embora o comprometimento da continência após essas operações não tenha sido estudado nessa população). Como resultado, a maioria das autoridades argumenta que o tratamento inicial da fissura de Crohn deve ser focado em controlar a diarreia.
-     Se a fissura persistir apesar das medidas conservadoras, deve ser realizado exame sob anestesia e esfincterotomia limitada.
-     Atualmente, não existem dados que confirmem o uso de relaxantes tópicos do esfíncter ou de Toxina Botulinica no tratamento de fissuras na doença de Crohn.

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