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Neste espaço o Dr. Paulo Branco ira continuamente publicar matérias além de responder duvidas
relacionadas a Medicina e Qualidade de Vida voltadas a população LGBT. Este espaço no entanto,
não substitui a consulta médica, que deverá ser feita pelo médico, no consultório, de corpo presente.





Alguns amigos e pacientes do Dr. Paulo Branco que inspiraram ele a fazer esse Blog.

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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Fístula perianal: causas e tratamento, com ilustrações com apresentação de casos clínicos.



  
Tratamento da fistula perianal apresentado no livro do colégio americano de cirurgiões sobre Fístula Anal, com ilustrações e apresentação de casos clínicos. 


Mensagem: O exercício físico é um passaporte para um envelhecimento com qualidade, por favor nunca abandone, e seja pelo menos ativo, se não quiser ser um atleta.


Exercício físico: Saúde

Dúvidas:
e-mail. paulobranco@terra.com.br
whatsApp. Oi. 11-995204135






Dúvida dos Internautas: 

1- Doutor após uma relação anal dolorosa, eu apresentei um hematoma, ficou muito roxo, que depois virou um abscesso e agora estou com uma fístula. Fui a outro proctologista que colocou uma pequena borracha, mas que doía muito, saia secreção, não suportei, foi retirada e substityuida por um areme fino que segundo o medico deveria ficar ali para criar uma nova cicatrizacao e seccionar o musculo mais lentamente. Tambem retirei porque dioa so em tocar naquele arame. Li os seus blogs e concluir que devo retirar a fístula. Moro no RJ e pretendo ir a SP realizar a cirurgia com o senhor. Já marquei com a sua secretária.
Pergunta enviada por e-mail.
Resposta: Você leu o que eu escrevo, e já tirei vários tipos de seton que não resolveram absolutamente nada, quanto a cicatrizacao do trajeto da fístula. A fístula perianal é uma doença de tratamento cirúrgico, imediato, determinando a cura da moléstia  então para que ficar esperando 1 ano com aquela borracha doendo e drenando secreção, em pacientes que na sua maioria são extremamente jovens. Eu tenho identificado o trajeto fistuloso, muitas vezes durante a consulta, na qual eu faço uma anuscopia para saber exatamente onde está a cripta inflamada que está originando o trajeto fistuloso e a relação deste com os músculos perianais.  Retiro a fístula totalmente com o laser e sob anestesia local e sedação leve, não precisará ficar internado.



2-Doutor sofro como uma fístula perianal há 3 anos, sou HIV positivo, com carga viral indectavel, e gostaria muito de retomar a minha vida, inclusive a sexual.
Pergunta enviada pelo whasApp.
Resposta: Você está no seu melhor momento para realizar o tratamento definitivo dessa fístula, que será a sua retirada cirurgica com o laser sob anestesia local e sedação. A carga viral > de 500 já é bom para a realização da cirurgia, indetectável é o ideal, pelo menor risco de infecção e cicatrizacao mais adequada.  Quando faço a cirurgia em pacientes como você sempre prescrevo antibioticos por 7 a 14 dias, e os pacientes receberam um guia com orientações comportamentais e nutricionais de importância para o pós-operatório. O resultado geralmente é bom.








Clinicas:
Proctologista no bairro da Lapa, São Paulo:
Fixo: 11-36728943
Móvel: 11-986663281

Mônica



















Proctologista no bairro daVila Nova conceição, São Paulo: 
Fones:
Fixo: 11-38467973
Móvel: 11- 99122513


Fatima




Proctologista no centro, na Praça da Republica, São Paulo.
Fones: 
Fixo: 11-3331-7016
Móvel: 11-084152089


Renata

















- Etiologia ou causa:
A fistula é definida como uma comunicação anormal entre 2 superfícies revestidas por epitélio.  A fístula anal possui um trajeto ou cavidade anormal que se comunica com o reto ou canal anal através de uma abertura interna identificável.  A maioria das fístulas perianais provavelmente surge como resultado de uma infecção das glândulas anais ou criptoglandulares.








- Classificação:
- A classificação de fístula mais útil, porém ainda complicada, é a descrita por Parks et al.

1- Fístula anal interesfincteriana:

- O trajeto da fístula perianal passa no espaço entre os dois músculos esfincterianos, interno e externo. 
- É o tipo mais comum de fístula perianal, sendo responsável por aproximadamente 70% dos casos.  

2- Fístula Anal transesfincteriana:
- O trajeto da fístula passa através dos músculos esfíncter interno e externo.
- Representa 23% das fístulas perianais.
- As fístulas retovaginais, são uma forma de fistulas tranesfincterianas.


3- Fístula Anal Supraesfincteriana:
- O trajeto da fístula perianal passa acima dos esfíncteres anais.
- Representa 5% das fístulas, em algumas séries.

4- Fístulas Extraesfincterianas:
-  Constitui o tipo raro, sendo responsável por 2% da fístulas.

Avaliação e tratamento:

Sintomas:
- O paciente com fistula perianal muitas vezes relata uma história de abscesso perianal que foi drenado cirúrgica ou espontaneamente. Os pacientes podem queixar-se de drenagem, dor à defecação, sangramento causado pela presença de um tecido inflamatório na abertura interna, chamado de granulação, edema ou diminuição da dor com a drenagem.


Drenagem: 

Formação do trajeto fistuloso:




- Sintomas intestinais adicionais podem esta presentes quando a fístula perianal é secundária a retocolite, doença de Crohn, actinomicose ou câncer ou linfoma devem ser cogitadas.

Exame físico ou clinico local:
 - O orifício externo ou secundário poderá ser visto como uma elevação do tecido inflamatório ou de granulação com saída de pus, que pode ser provocada pelo toque retal.


Fistula perianal: Orifício Externo


- Na maioria dos casos o orifício interno não é aparente.
- O número de orifícios externos e sua localização pode ser útil para identificação do orifício primário. De acordo com a regra de Goodsall, o orifício posterior à linha traçada transversalmente ao períneo indica sua origem a partir de um orifício interno na linha média posterior.

Dica cirúrgica: Quanto maior a distância da margem anal, maior a probabilidade de um trajeto alto complexo.

Orifício externo da Fístula, distante:


- O toque retal poderá revelar uma estrutura semelhante a um cordão endurecido abaixo da pele, no sentido do orifício interno, com assimetria entre os lados direito e esquerdo. Orifícios internos podem ser sentidos como nódulos endurecidos ou depressões que conduzem a um trajeto endurecido.

Investigação:
- Endoscopia: A anuscopia deverá ser realizada antes da cirurgia, na tentativa de identificar o orifício interno.

Endoscopia: Orifício Interno da Fístula.

- Exames radiológicos:
São realizados para estudar a relação da fístula com os músculos formadores dos esfíncteres anais e coleções ou abscessos mais profundamente localizados.

Exames radiológicos:
- Fistulografia.
- Tomografia computadorizada.
- Ultrassom endoanal.
- Ressonância Magnética pélvica e anal.















Ultra-som














Importante: Veja que a ultassografia, representa um verdadeiro GPS para o proctologista para saber a exata relação do trajeto da fistula com os músculos perianais. Informação capital para o cirurgião.


Tratamentos:
1- Os princípios da cirurgia de fístula, são:
- Retirar totalmente a fístula, os seus dois orifícios e o trajeto;
-  Prevenir o retorno ou recidiva;
-   Preservar a função dos esfíncteres.

Comentário: Dr. Paulo Branco
Concordo plenamente com o autor e também acho que o  sucesso será obtido pela identificação do orifício interno ou primário da fístula anal, que dá origem a doença com identificação e não secção ou secção da menor quantidade possível dos músculos relacionados com o trajeto da fístula perianal.


Orifícios: Interno e externo.


2- Identificação do orifício interno da fístula perianal:
Vários métodos tem sido propostos para identificar o orifício interno na sala de cirurgia:
- Passagem de uma sonda ou sondas a partir do orifício externo até o interno ou vice-versa.
- Injecao de corante como solução diluída de azul de metileno, leite ou peróxido de hidrogênio, observando a coloração da linha pectínea, local do orifício interno da fístula perianal. Embora o azul de metileno possa atingir os tecidos circundantes, sua diluição com soro fisiológico ou água oxigenada vai evitar esse problema.
- Seguir o trajeto do tecido inflamatório ou de granulação presente no trajeto da fístula perianal.

Orifícios identificados:

- Observar a retração de uma cripta anal, possível local de origem da fístula, quando se exerce tração sobre o trajeto fistuloso. Isso poderá ser útil nas fistulas constituídas por um  trajeto, mas apresenta menor resultado nas variantes mais complicadas.

Guia da fístula: Dr. Paulo Branco.
Desenvolvi um guia metálico que trás o orifício interno para fora, fazendo com que a retirada da fístula se torne mais fácil.



Técnica operatória:
Fistulotomia: O trajeto da fístula após ser identificado por uma sonda, principalmente o seu orifício interno, será aberto e o seu tecido inflamatório ou de granulação será curetado e algumas vezes se o cirurgião achar necessário, enviado para exame histopatológico.
- Se desejado, a ferida cirúrgica poderá ser marsupializada, isto é aproximando os seus bordos com fio absorvível para tornar a cicatrização mais rápida.

Laser:


Conduta: Dr. Paulo Branco
Eu não realizo a fistulotomia, mas sim a fistulectomia, retiro a fistula e sempre fecho os tecidos profundos, principalmente a abertura anal, o que tornará a cicatrização mais uniforme e precoce, o que tem grande repercussão orgânica e psicológica para os pacientes que não suportam longos períodos de cicatrização.

Seton ( Sedenho): Colocação
-     O problema da preservação da continência anal e tratamento da fístula é mais complicado quando se tratam fístulas altas transesfincterianas. Se o trajeto atravessar o esfíncter em um nível alto, a utilização da técnica aberta em combinação com a colocação do seton ( sedenho) é mais segura.

Retirada de seton infectado:



- O seton pode ser qualquer corpo estranho que pode ser inserido no trajeto da fístula e laçar o esfíncter. Os materiais frequentemente utilizados são o fio de sutura de seda e outros fios de sutura inabsorvíveis, dreno de penrose, tiras de borracha, fitas vasculares e cateteres de silastic.


Seton de borracha:

- A porção inferior do esfíncter interno é secionado junto com a pele para alcançar o orifício externo e um fio de sutura absorvível ou elástico será inserido no trajeto da fístula. As extremidades do fio de sutura ou elástico são atadas por múltiplos nós, que servem como suporte para manipulação externa. Essa forma de seton, conhecida como seton de corte, é apertada a intervalos regulares para cortar lentamente o músculo esfíncter. Isso permite que o trajeto se torne mais superficial, convertendo uma fístula alta em fístula baixa. A fistulotomia proximal cicatriza por estimulação e fibrose, restabelecendo a continuidade do anel anorretal para evitar o desgarramento do esfíncter durante a segunda etapa do reparo, que será feita 8 semanas mais tarde, quando o esfíncter externo remanescente será secionado.
- O seton também poderá ser usado como um dreno que será deixado perdido no local para facilitar a drenagem prolongada.

Indicações especificas do seton:
- Identificar e promover a fibrose em torno de uma fístula anal complexa que envolve a maior parte ou todo o esfíncter.
- Demarcar o trajeto de uma fistula transesfincteriana na sua fase aguda ou abscedada.
- Fístulas anteriores altas em mulheres.
- Para evitar o fechamento prematuro da pele e formação de abscessos recidivados, como na doença de Crohn.

Conduta: Dr. Paulo Branco.
Lendo acima, me parece que o seton, funciona muito mais como um dreno, para tratar ou evitar a formação de um abscesso ou para evitar lesão de músculo nas fístulas transesfincteriana, do que uma  forma de tratamento . Não uso, não indico e toda semana eu retiro essa borracha de pacientes que estão com drenagem de secreção, pus, dor ao tocar na borracha, muitos sem poder sentar, andar e muitos de trabalhar, e o que eu não concordo de esperar um ano para ver se funciona. Essa orientação é porque a não cicatrização ou recidiva da fístula anal com o seton foi alta. Um outro problema é a extrusão, saída do local posicionado o que facilita a irritação, dor e a contaminação pelas fezes.

Conduta: Dr. Paulo Branco
Eu retiro a fístula anal com o laser, de forma simples e sob anestesia local. A minha primeira preocupação é em identificar os músculos formadores dos esfíncteres anais, que são isolados e separados do trajeto fistuloso. Retiro toda a fístula e a seguir aproximo os tecidos profundos e deixo a pele aberta para drenar e uso pomadas adequadas. Não tive casos de incontinência. A cicatrização ocorre geralmente entre 15 a 30 dias. Os pacientes recebem um guia com todas as orientações comportamentais e nutricionais para um bom pós-operatório.

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