Proctologista: Dr.
Paulo Branco
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blog da saúde gay
Homossexualismo: Será que alguém já nasce gay,
e dai se for?
- E se for, qual o problema?
É compreensível
que os pais queiram que seus filhos sejam pessoas saudáveis e realizadas – e,
consequentemente que se preocupem com o tipo de relações amorosas nas quais se
envolverão quando adultos. Hoje se sabe, porém, que a orientação sexual não é
garantia se sucesso ou felicidade. O que parece fazer diferença, realmente, é a
qualidade dos vínculos afetivos que uma pessoa mantém e o quanto se sente
confortável com sua capacidade produtiva nas várias áreas da vida. Nesse
sentido, a proximidade e o apoio das pessoas queridas se mostram muito mas
importantes que a orientação em si. Ou seja: ter lugar nos diferentes grupos de
referência ( Família, trabalho e amigos) fortalece o sentimento de pertencente,
fundamental para o bem-estar emocional e até mesmo físico. Em geral, quando alguém
se sente aceito como é pelos mas queridos , o eventual enfrentamento de
qualquer tilo e discriminação se trona muito menos doloroso. Independentemente
do sexo e da idade, cada pessoa faz um balanço inconsciente entre a possível
resistência que poderá encontrar em alguns de seus círculos sociais e o apoio
que encontrará em outros.
Algumas pesquisas
recentes sugerem que homens e mulheres que assumem a orientação homoafetiva
publicamente apresentam um aumento da autoestima e redução do risco de e
redução do risco de depressão e de suicídio. Mas nem sempre é o que acontece,
segundo alguns psicólogos. Psicólogos da universidade de Essex constataram que
o bem-estar em afirmar a própria sexualidade depende do contexto social em que
a pesos está inserida.
Para chegarem a
essa conclusão, os pesquisadores entrevistaram 161 homossexuais de ambos os
sexos e bissexuais com idade entre 18 e
65 anos sobre o nível de bem-estar que sentiram em afirmar sua orientação em
cinco círculos sociais: amigos, parentes, colegas companheiros de escola e
comunidades religiosas. Os participantes, recrutados em debates públicos pelos
direitos dos homossexuais, em redes sociais e em listas de e-mail de estudantes universitários, responderam aos
pesquisadores por meio da internet e de forma anônima.
Comentário: Seria muito mais interessante e reconfortante para as
famílias se os pais tivessem em mente que filhos
homossexuais obviamente têm muitas maneiras de contribuir com o mundo além
de se reproduzir.
- Será que já nasce gay?
Mesmo esclarecidos
e bem informados são raros os pais e mães que não se preocupam quando o
comportamento de suas crianças foge aos estereótipos de normalidade. Meninos
com jeito delicado de andar, interesse por bonecas, maquiagem e vestidos,
aversão por jogos e esportes que exijam contato físico com outros garotos
costumam incomodar os adultos. O mesmo se da comas garotas que desprezam as
bonecas, odeiam rendas e vestidos, preferem participar de brincadeiras
consideradas masculinas, nutrem especial interesse por ferramentas e têm
coragem de afrontar os meninos chamando-os para a briga. Esses padrões de
comportamento são frequentemente temidos, como se fossem mensageiros certos de
homossexualidade na idade adulta. Apenas recentemente cientistas especializados
no estudo das fases do desenvolvimento humano têm realizado estudos mais
categóricos para identificar de forma confiável os primeiros sinais da orientação homoafetiva. Ao olharem
atentamente para a infância de pessoas gays, alguns grupos de pesquisadores têm
se esforçado para encontrar e catalogar um intrigante conjunto de indicadores
comportamentais que homossexuais parecem ter em comum. O mais curioso é a constatação
de que os antigos medos homofóbicos de muitos pais refletem de forma genuína o
curso das previsões que fazem em relação aos filhos.
- Características Homossexuais na infância, quais
seriam?
Os psicólogos
investigaram os comportamentos típicos esperados para cada gênero, em cada
época da vida. Segundo essa concepção, seriam diferenças inatas referentes ao
modo de agir de moças e rapazes.
De acordo com
vários estudos, cada vez mais os cientistas têm chegado à conclusão de que a
orientação sexual não é influenciada pela aprendizagem, sendo encontrada em
todas as culturas pesquisadas. É claro que existem exceções; no entanto, apenas
quando são comparadas os dados em conjunto as distinções sexuais ficam mais
evidentes e ganham valor estatístico.
As divergências
mais marcantes estão sob o domínio das brincadeiras infantis. Os meninos se
engajam nos chamados “jogos de combate e queda”. Já as meninas preferem a
companhia de miniaturas de objetos domésticos ao risco de levar um chute nas
costelas. O interesse pelo tipo de brinquedo seria outra pista para identificar
diferenças entre os sexos: Enquanto os meninos são fortemente atraídos pelas
armas de brinquedo, carrinhos e caminhões de guerra, as garotas não resistem às
bonecas e acessórios femininos.
Crianças de ambos
os sexos se divertem simulando algumas brincadeiras, mas os papéis, no contexto
da fantasia, são desempenhados de acordo com cada gênero. A partis dos 2 anos,
há uma verdadeira segregação entre os pequenos. Elas costumam fazer o papel da
mãe que canta para seu filhinho, de bailarinas ou de princesas de contos de
fadas, enquanto os meninos preferem ser soldados ou super-heróis. Portanto, não
é surpreendente o fato de que os garotos escolham outros meninos como
parceiros, ao passo que, para as garotas, seria muito mais interessante brincar
com outras garotas.
Desse modo, com
base em algumas pesquisas anteriores menos fidedignas, aliadas a uma boa dose
de senso comum, Bailey e Zuker lançaram a hipótese de que homossexuais
mostrariam um padrão invertido dos comportamentos esperados durante a infância:
os meninos preferindo as meninas como companheiras de brincadeira, encantados
com o Kit de maquiagem da mãe, e as garotas apaixonadas por futebol ou luta
livre, por exemplo. Eles descobriram que o que acontece na prática é muito
distante desta suspeita. Com base no conhecimento empírico, ou seja, na experiência, os autores
explicam que há duas maneiras de investigar essa hipótese: o estudo prospectivo
e o retrospectivo.
1- Estudo Prospectivo:
Consiste em
observar as crianças que exibem padrões de comportamento atípicos em relação ao
gênero durante a adolescência e no início da fase adulta, para que sua
orientação sexual possa ser avaliada na maturidade. No entanto, por diversas razões este método não foi muito adotado. Dado que
apenas parte da população é homossexual, estudos prospectivos não são viáveis
por demandar um grande numero de crianças. A abordagem também leva um longo
tempo – cerca de 16 anos. Além disso, não há uma quantidade grande de pais
dispostos a oferecer o filho como objeto de
estudo. Por fim, geralmente apenas crianças que apresentam comportamento
significante atípicos em relação ao gênero são trazidas às clinicas pelos pais
quer podem aceitar colaborar com os pesquisadores.
Em um estudo de
2008, a psicóloga Kelley Drummond coordenou uma equipe de pesquisadores
encarregados de entrevistar 25 mulheres adultas entre 3 e 12 anos de idade
haviam passado por avalição psicológica a pedido dos seus pais. Na época, todos
demonstraram indicadores do diagnostico de TRANTORNO
DE IDENTIDADE DE GENERO ( a
desconfortável sensação de que o seu sexo biológico não corresponde ao seu modo
de ser). Elas preferiram parceiros de brincadeiras do sexo masculino, insistiam
em vestir roupas de meninos, gostavam de atividades agressivas, e várias
afirmavam não só que desenvolveriam um pênis quando crescessem, mas também se
recusavam a urinar sentadas. Embora somente 12% delas tivessem, de fato,
desenvolvido o transtorno de identidade de gênero, a probabilidade de que as
mulheres relatem orientação homossexual ou bissexual é 23 vezes maior que a
população feminina em geral. É evidente que nem todas as garotas que tem
comportamentos considerados tipicamente masculinos serão lesbicas. No entanto,
as pesquisas sugerem que mulheres homossexuais, frequentemente, têm historia de
comportamentos atípicos em relação ao gênero feminino durante a infância. E o
mesmo vale para os homnes. Bailey e Zuker conduziram um estudo – desta vez
retrospectivo – com voluntários, todos homossexuais escolhidos aleatoriamente,
que deveriam responder perguntas sobre o próprio passado. Os resultados
mostraram que 89% dos pacientes se lembraram de terem comportamentos considerados femininos durante a infância,
com frequência superior à média heterossexual.
Alguns estudiosos,
entretanto, argumentam que a memória dos participantes pode ter sido distorcida
como uma forma de atender as expectativas sociais e aos estereótipos. No
entanto, um estudo na área de psicologia do desenvolvimento publicado em 2008
mostra evidencias – como vídeos caseiros, por exemplo – que validam a análise
de acontecimentos passados. O fato é que, sem muito discernimento, os adultos
tentam decifrar a criança observando seus comportamentos. Os pesquisadores constataram
que, de fato, as características que na fase adulta identificam as pessoas como
homossexuais foram consideradas destoantes do gênero na época em que elas ainda
eram crianças.
Vários estudos têm
demonstrado este padrão geral, revelando uma forte ligação entre os desvios das
normas de gênero em relação aos papéis na infância e a orientação sexual
adulta. Há também evidências de um efeito de dosagem: quanto mais
características diferentes se apresentam do que se espera de determinado sexo
durante a infância, maiores são as possibilidades de uma orientação homossexual
ou bissexual na vida adulta.
Entretanto,
obviamente nem todos os meninos que tenham provado vestido quando eram pequenos
serão gays, assim como nem todas as garotas que desprezam roupas femininas se
tornarão lesbicas. Muitos serão heterossexuais e talvez alguns se tornem
transexuais. No entanto, muitas vezes, na infância e adolescência a criança ou
o jovem se mostram claramente socializados de acordo com as normas de cada
gênero e só mais tarde apresentam interesse por pessoas do mesmo sexo. Essas
constatações podem parecer contraditórias à primeira vista, mas só evidenciam o
óbvio: não há normas claras nem receita para definir a orientação sexual de uma
pessoa. No entanto, alguns experimentos apontam indícios. Estudos
transculturais revelam que meninos com tendências homossexuais são mais
atraídos por esportes solitários, como ciclismo, natação e tênis, que por
atividades que envolvam contato bruto. Além disso, são menos propensos a serem
“valentões” na infância.
- E O SABER ANTES?
Os pesquisadores
admitem que uma grande variedade de fatores, sem dúvida complexos, interfere no
desenvolvimento da sexualidade. Eles acreditam que aspectos hereditários e
biológicos devam compor com experiências e influencias do ambiente para
produzir a orientação sexual – qualquer que seja ela. Traços homossexuais
precoces muito evidentes, ou seja, crianças que mostram acentuados
comportamentos considerados rápidos, podem ter maior carga genética que
contribua para a orientação homoafetiva. Por outro lado, adultos gays que
tiveram comportamentos típicos de acordo com o gênero quando crianças podem
atribuir o interesse por pessoas do mesmo sexo mais diretamente às experiências
que viveram na infância.
Então chegamos à
pergunta mais importante de todas.
- POR QUE OS PAIS SE
PREOCUPAM TANTO EM SABER SE OS FILHOS TÊM PROPENÇÃO PARA SER GAY?
De
fato, parece bem difícil encontrar pessoas que realmente prefeririam que seus
descendentes fossem homossexuais. Evolutivamente, a homofobia dos pais é
facilmente entendida: gays e lésbicas, a principio, não poderiam perpetuar a
espécie. Embora com os avanços tecnológicos e sociais essa situação atualmente
já não se sustenta, a ideia persiste.
Com certeza seria
muito mais reconfortante para as famílias se os pais tivessem em mente que
filhos homossexuais obviamente têm outras maneiras de contribuir com o mundo
além de se reproduzir. Se os cientistas pudessem, eventualmente, prever com
precisão a orientação sexual de adultos quando ainda pequenos, os pais iriam
querer saber? Depende. Certamente alguns cuidados por parte dos adultos
poderiam facilitar as coisas para a criança, poupando-lhe o desgaste de temer
constantemente ser rejeitada ou ter de se preocupar com alguns deslizes que a
pudesse expor. Evitariam, ao menos, as difíceis e incessantes perguntas durante
a adolescência sobre o motivo de não estar namorando aquele ou aquela para os
rapazes, adorável colega do sexo oposto.
Além do mais, imagino
que deva ser muito difícil olhar nos olhos do seu filho, quando criança,
niná-lo até que durma em seus braços, passar a mão no seu rosto para tirar o
excesso de chocolate da sobremesa que ficou no canto de seus lábios e, alguns
anos depois, manda-lo para fora de casa por ser homossexual.
Muitos gays e
lésbicas contam que descobriram sua preferência pelo mesmo sexo ainda na infância. As pesquisas estão
mostrando que isso provavelmente é verdade, à medida que se acumulam as
evidencias de que a orientação sexual não é nem uma tendência determinada pelo
triplo de criação recebida. É algo que já nasce com a pessoa.
Em um estudo
recente, exames mostraram que o cérebro dos homens gays é semelhante ao dos
heterossexuais, enquanto o das lesbicas se parece com os heterossexuais
masculinos. As características cerebrais investigadas desenvolvem-se no útero
ou na primeira infância, o que significa que a influência de fatores
psicológicos ou ambientais é mínima ou inexistente, afirmam os pesquisadores do
Instituto do cérebro de Estocolmo, na Suécia.
Os pesquisadores
usaram imagens de ressonância magnética para obter o cérebro de 90 voluntários:25
homossexuais e 20 heterossexuais de cada sexo. Descobriu-se que os homens
heterossexuais e as lesbicas apresentavam cérebro assimétrico; isto é, o
hemisfério cerebral direito era maior do que o esquerdo. Já o cérebro das
mulheres heterossexuais e dos homens gays era simétrico.
Em seguida a
equipe usou a tomografia por emissão de pósitrons para medir o fluxo de sangue
a uma área cerebral chamada de amígdala que é a sede das emoções, do medo e da
agressividade. Para minimizar influencias externas e culturais os cérebros
foram examinados em repouso e não foral exibidas fotografias aos participantes
e nem foi introduzido nenhum comportamento que pudesse haver sido apreendido.
Nesse exame observou-se que nos gays e
nas heterossexuais, o sangue flui para áreas envolvidas com o medo e a ansiedade.
A orientação sexual genética?
A questão
permanece em aberto. E se os gens estiverem mesmo envolvidos, será que eles
produzem dois tipos distintos de orientação,
hetero e homossexual, da forma como acredita a maioria das pessoas?
E onde se encaixa a bissexualidade?
Embora nenhuma
pesquisa seja totalmente conclusiva, estudos de gêmeos criados juntos, criados
separados arvores genealógicas indicam pelo menos para os homens que quanto
maior o numero de genes em comum com um parente gay, maiores serão as chances
de você ser um homossexual também.
Mas nenhum
progresso da ciência irá resolver as questões morais e filosóficas em torno da
orientação sexual, afirmam os estudiosos da sexualidade humana. É enorme a
pressão exercida sobre nós, desde muito cedo, para que sejamos heterossexuais.
Além disso, existem grupos religiosos que afirmam que os gays podem mudar de
orientação se estiverem determinados a isso. Embora isso seja verdade para
alguns, os especialistas dizem que a maioria deles não pode fazer essa mudança
e, ainda que pudesse, não se sentiria bem com isso.
Obs.
Estes artigos estão escritos na revista SCIENTIFIC AMERICAN: Mente/cérebro na edição de outubro de 2012 que eu
achei de grande interesse para o publico GLBT.
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