Seja bem vindo ao Blog da Saúde LGBT

Neste espaço o Dr. Paulo Branco ira continuamente publicar matérias além de responder duvidas
relacionadas a Medicina e Qualidade de Vida voltadas a população LGBT. Este espaço no entanto,
não substitui a consulta médica, que deverá ser feita pelo médico, no consultório, de corpo presente.





Alguns amigos e pacientes do Dr. Paulo Branco que inspiraram ele a fazer esse Blog.

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terça-feira, 30 de julho de 2013

Consulta GAY: Quais as dificuldades referidas?


Consulta Gay: Dificuldades referidas durante as consultas.
Planos de saúde: Apresentando a sua carteira do plano de saúde terá um desconto nas consultas e procedimentos realizados pelo Dr Paulo branco.


Clinicas:
Vila Nova Conceição:
Fones:
Fixo. 11- 38467973 / 78317380
Lapa próximo ao shopping Bourbon:
Monica:
Oi.  11- 986663281
Tim. 11- 98716-4165

Mônica

Foto: Palavra do papa.

Abençoai a minha clinica

Experiência de consultório: Dr Paulo Branco
Ao longo dos meus treze anos de atendimento na minha clinica  ao publico GLBT, me foram relatadas as mais diferentes criticas e reclamações feitas por estes pacientes sobre o atendimento em consultórios e ambulatórios. A consulta deverá ser descontraída, a mais interativa possível que deixe o paciente sem nenhuma dúvida. Os pacientes GLBT deveram ser tratados e entendidos como tal. Muitos pacientes não conseguem expor seus sintomas, sentimentos e relacionamentos e me perguntam se devem por isso trocar de profissional.
Eu acho que a ética deverá ser preservada, mas muitas vezes diante de um abismo de insensibilidade é melhor trocar.

Foto: clinica. 


1- Atendimento rápido: Não consegui falar para contar a minha história!
Essa reclamação é muito comum na minha pratica clinica diária. O profissional mal escutou a minha história clinica e já saiu pedindo exames, e o que eu fiquei triste foi que muitos exames eram para DST, o que me fez concluir que os exames foram pedidos pelo fato da desconfiança de eu ser gay.
Vale a pela lembrar que o dialogo tem uma importância fundamental para uma impressão ou mesmo uma confirmação diagnostica, principalmente na proctologia, onde a maioria das doenças poderão ser diagnosticadas somente pela inspeção ou por um exame endoscópico realizado durante a consulta. Os  sintomas referidos durante a  relação  sexual, como a dor e o sangramento  tem importância e poderão ser capitais  para o diagnostico desde uma proctite ( inflamação do ânus ) até ferimentos e fissuras anais. Muitas DST como o hpv anal tem uma frequência maior entre homens que fazem sexo com outros homens, então o medico deverá escutar,  o paciente o tempo que for necessário, porque as doenças contraídas pelo contato sexual exige um dialogo claro, como dois amigos para chegar a um diagnostico e tratamento corretos.
Eu faço o diagnostico da maioria das afecções proctologicas somente pelo exame clinico. Geralmente os pacientes já se informaram na internet, lendo muitas vezes o que escrevi, tornando fácil toda a explicação que dou no PC, para chegarmos juntos a melhor forma de tratamento para o seu caso.  Se tem paciente que necessita de tempo para ser escutado é o proctologico, porque geralmente tem uma historia clinica mais longa que envolve dor, desconforto, sangramento e medo de doença grave. Eu confesso, que talvez pela experiência de consultório com o publico GLBT, com os sintomas relatados eu já tenho uma impressão diagnostica, mas deixo o paciente continuar falando, principalmente porque certamente falará do seu relacionamento.


Ilustração: Atendimento sem nenhuma forma de preconceito.

2- Constrangimento: Me fez mudar de profissional.
O constrangimento é o principal motivo que faz o paciente desistir da consulta com o proctologista. Muitos pacientes não sabem por onde começar a contar a sua história clinica e pedem ansiosos para serem escutados.  Já tive casos de pacientes que não falaram nem mesmo para os seus parceiros que tinham consulta marcada com o proctologista. Essa dificuldade foi muito maior quando se tratava de pacientes com DST com o HPV anal e perianal. Imagine e se coloque no lugar desses pacientes. Todas as pessoas na minha clinica estão preparadas para o atendimento ao publico. O constrangimento teve uma relação direta do paciente não ter abertura para falar sobre a sua vida sexual ou pelo desinteresse do profissional pelas explicações dadas pelos pacientes.



Ilustração: Não poderá haver nenhuma forma de constrangimento.



3- Relação ativa e passiva: Tentei falar mas não foi possível, não tive abertura e quando falei, acabei proibido!
Os profissionais não foram preparados para esse tipo de dialogo, porque não esta nos livros tradicionais de medicina e eu tive de aprender no dia a dia, nos últimos 12 anos de atendimento.  Exige compreensão, entendimento, sinceridade e um lado amigo para que os pacientes se sintam a vontade, porque na grande maioria dos casos precisaram falar das suas  relações passiva e/ou ativa,  dos seus romances como parte crucial para o diagnostico e tratamento e pensar de forma diferente tornara a consulta frustrante e constrangedora para um paciente GLBT e o tratamento ineficaz. Eu sempre faço questão que os meus pacientes entendam que as doenças proctologicas mais frequentes não são causadas pela relação passiva se praticada com todos os cuidados e que esta forma de relação sexual é a causa mas frequente das DST. Já ouvi muitas vezes os pacientes referirem que não faziam o sexo passivo porque foram proibidos, isso foi feito para sair e não para entrar, disse o profissional. Essa atitude para o paciente soa como uma castração dos seus prazeres.
Comentário: O sexo faz parte do lado prazeroso na vida dos gays, seja o sexo ativo ou passivo. Eles adoram a sedução associada sempre ao erotismo, principalmente a beleza corporal.   Eles deveram ser orientados para tornar o sexo mais seguro e saudável em vez da proibição, principalmente o passivo.


Foto: O importante é ser feliz.



4- Homossexualismo: Pare com isso!
 Depois de conseguir ter a coragem de falar, o profissional disse, esse tipo de relacionamento só lhe trará problemas e desvantagens, pare com isso.
A maioria dos homens referiu os fatores sociais e psicológicos, sendo a desvantagem mencionada com mais frequência a desaprovação social, por  acharem ser altamente perigoso amar outro homem, por causa de entrarem no ostracismo social. A vontade que eu tinha era de falar que me sinto feliz de ser gay e o melhor de tudo é que uma pessoa poderá encontrar a outra metade de si mesma num relacionamento com outro homem. A única desvantagem que eu acho de ser gay é ter de convencer as outras pessoas de que você é um ser humano.
Comentário: Os gays tem de se acostumarem com as atitudes negativas ou antigay presente na nossa sociedade heterossexista e tem também de passar pelo trauma em potencial de contar a seus pais. As vantagens que eu vejo são a amizade, o sexo, o companheirismo e o fato de pertencer a um grupo especial de pessoas .... sua própria sociedade. As desvantagens que eu observei e que os pacientes me falaram foram  a discriminação, a dificuldade de viver em uma sociedade aberta, com toda a liberdade de expressão e da troca de afeto e carinhos em todos os lugares e não somente em lugares frequentados somente por gays.


5- Bissexual: sofro com uma DST, já fui a dois médicos e não consegui abrir o jogo. 
Relato: Sempre fui bissexual, um rótulo que não aprovo, mas, pelo bem da boa comunicação, temos de usá-lo. 
Passei grande parte de minha vida, cerca de quarenta anos, com vergonha do meu amor e da minha atracão por homens. Á medida que fomos envelhecendo, fiquei cada vez mais neurótico e cada vez mais separados sexualmente da minha esposa, que por sua vez dava extraordinária importância ao fato de esta casada, especialmente comigo. Ela sofria terrivelmente por causa disso e estava sendo prejudicada porque continuava presa ao relacionamento sexual, apesar do fato de praticamente termos deixado de fazer sexo juntos. Eu era um homem de negócios bem-sucedido mas um dia reconheci a minha derrota. Como o movimento gay estava tendo mais aceitação, eu tinha de assumir de alguma maneira, ou desistir da minha família, a quem me sentia muito ligado. Minha mulher suspeitou de que eu andava com desejos homossexuais, e me afrontou com eles, o que me levou a tomar umas decisões. Fui a um psiquiatra e como um touro em uma loja de porcelanas comecei a estudar a mim mesmo. Enfrentei pela primeira vez toda a merda colocada em mim pela sociedade, pelos meus pais, por outros homens e finalmente pelo que a minha mulher esperava que eu fosse como homem. levamos tres anos para  superar nossos grilos, nossas suposições, e todas as pressões exercidas  sob nós. 


Na minha experiência de consultório, o paciente rotulado como bissexual é o  mais difícil para tratar e acompanhar. Ele que ser atendido em dia que eu normalmente não atenderia, esta sozinho na sala de espera e o diagnostico dado fique somente entre nós e o procedimento também em dia em que só ele esteja na clinica. O fato é que o bissexualismo não é considerado na nossa sociedade como uma opção potencialmente aberta, válida e aceitável. Uma vez um paciente me disse que os seus amigos gays ficam chateados por ele ser “meio direito “e meus amigos direitos esperam que eu volte a mim. Como tenho relacionamento com homens e com mulheres as pessoas insistem em me pôr um rótulo. Para uns sou um homossexual que mantém suas relações com mulheres para esconder de si mesmo e do mundo sua verdadeira personalidade. Para outros sou um heterossexual traumatizado por alguma experiência de infância. Na verdade sou um ser humano que gosta de partilhar suas experiências mais íntimas com outros seres humanos, pelos quais senti amizade, amor ou simpatia. Muitas vezes, penso que não posso me incluir entre ou somente como gay, porque eles excluem pessoas com interesse heterossexual. Me recuso a ser considerado gay ou direito. Quero apenas ser aceito como um ser humano. Gosto do corpo de homens e de seu cheiro. Gosto de sentir sua força e sentir também nossos corpos juntos.  Mas, comparando,  acho todo o processo sexual com uma mulher mais significativo. Não tenho certeza de que isso não seja parte do tabu com que fui educado, mas, de certo modo, com uma mulher há uma consciência mas profunda do ato. Tenho a certeza de que nunca seria capaz de viver com um homem, em monogamia, mas vivi com a minha mulher por cerca de trinta anos e não trocaria esta experiência por um casamento homossexual. 

Foto: Walcyr carrasco, bissexual assumido.

Comentário: O bissexual é um paciente que quando requer alguma forma de tratamento, principalmente se for uma DST, me exige que crie uma logística focada nele, de preferencia sem internação em hospitais e que a alta ocorra logo após o procedimento.  Eu atendo e trato com frequência pacientes bissexuais e essa logística eu sempre faço mas sem que interfira no resultado do tratamento. É muito importante faze-lo entender que eu entendo e respeito o seu comportamento sexual, mas sempre procuro mostrar a importância de manter a sua saúde em dia por envolver mas de uma pessoa na relação, o que poderá maior risco de DST.  A situação muitas vezes fica complicada quanto a possível transmissão de uma DST. Muitas vezes a pessoa é monogâmica e muitas DST são mas frequentes entre homens que fazem sexo com outros homens, mas também o contágio no sexo com as mulheres poderá ocorrer. A pratica de fantasias, uso de brinquedos eroticos, anilingus são praticadas com os homens e mulheres com riscos de transmissão das DST. Eu já vivi e sobrevivi a quase todas as situações com os meus pacientes bissexuais sejam homens ou mulheres, que geralmente é tensa na revelação da preferencia sexual e acabou na separação do casal, mas muitos casos com o dialogo, houve uma compreensão e permaneceram juntos mesmo como casal ou bons amigos. O bissexual tem como foco as suas emoções e não a pessoa. Ja tive paciente que veio na clinica apaixonado por um homem e meses depois retornou com a mesma paixão só que por uma mulher.  Eu sempre peço, no inicio, para que o paciente volte mensalmente na minha clinica para que eu possa fazer um controle rigoroso  através de exames clinico, endoscópico e microscópico.



6-  Promiscuidade gay: Tento um relacionamento sério, monogâmico, emocional mas só aparece convite para sexo casual, sem compromisso, baladas ou envolvendo pessoas, sinceramente prefiro ficar só!


Foto: Promiscuidade.

A promiscuidade é definida pela Organização Mundial de saude ( OMS) como ter mais de dois parceiros sexuais por ano, aqui pra nós, difícil nos dias atuais. Se você ler qualquer livro, artigos e revistas medicas ou não, a maioria relata que a promiscuidade é mais frequente entre  homens que fazem sexo com outros homens. Eu tenho observado na minha clinica que a promiscuidade entre os gays aumentou muito pela freqüência em locais publicos como as saunas, lugares de encontro noturno para o publico GLBT e com a pratica frequente do sexo casual com mais de um parceiro nestes locais. Muitos homens disseram que “promiscuidade” é uma palavra com muitas conotações negativas, que eles preferiam não usar. Um homem respondeu: “ Promiscuidade “ é uma palavra ridícula! Um outro afirmou que assim como não é apropriado classificar uma pessoa por suas preferencias sexuais, também não é apropriado unir o termo “gay” ao termo “promiscui”.
Parece haver mais promiscuidade em homens que se permitem passar de um para outro com um mínimo de atração emocional. Mas não acho que se possa falar de promiscuidade gay mais do que de promiscuidade heterossexual. Há pessoas promíscuas e outras que não o são, e existem ambas as preferencias sexuais. Acho que a promiscuidade gay é mais evidente, pois os homossexuais foram obrigados pela sociedade a se identificar na base primaria da sua preferencia sexual.
Comentário: A maioria dos homossexuais talvez sejam celibatários. A chamada promiscuidade gay é um mito, no sentido de que a maioria dos gays vivem vidas de tranquila frustação. Estão tão presos que tem medo de sair e fazer sexo com qualquer um, e assim são virtualmente celibatários ou vivem como heterossexuais. 

Foto: Parceiros






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